Por Anna Karolina da Silva de Andrade Ribeiro, Bianca de Oliveira Barbalho e Juliana Dean de Carvalho Correa
Os seres humanos possuem uma relação de mutualismo com microrganismos que vivem em nosso sistema digestivo (principalmente no cólon) e são chamados de microbiota. Enquanto o homem fornece habitat e nutrição para esses microorganismos, eles geram efeitos benéficos para a nossa saúde. Entre os benefícios gerados, estão: a produção de substâncias antimicrobianas; competição contra bactérias maléficas, dificultando a instalação delas; estimulação do sistema imune a desenvolver uma tolerância imunológica; auxílio na nutrição do colón; colaboração com a digestão; e ainda síntese de vitaminas e outro compostos essenciais. Mas esses efeitos gerados pela microbiota dependem diretamente de sua composição.
Existem muitos alimentos que auxiliam a manutenção de uma microbiota desejada e que seja capaz de trazer efeitos positivos para o nosso organismo, entre eles se encontram os alimentos ricos em prebióticos.
Os prebióticos são ingredientes fermentados não digeríveis, ou seja, eles não sofrem ação das enzimas digestivas e não são absorvidos durante a passagem pelo trato gastrointestinal. Por serem seletivos, eles servem como substrato apenas para as bactérias probióticas, incentivando o crescimento e a atividade da microbiota.
É comum confundir prebióticos com fibras dietéticas; mas a diferença entre eles está na seletividade. As fibras dietéticas resistem à hidrólise enzimática e podem ser fermentadas pelas bactérias do cólon, esse termo se refere a inúmeros carboidratos e lignina. Entre esses, existem aqueles que são seletivos e são fermentados apenas por bactérias benéficas e, por isso, são chamados de prebióticos. Mas também existem alguns componentes das fibras que não são seletivos e podem ser fermentados tanto por bactérias probióticas como por patogênicas; e tem ainda aqueles que servem apenas como substrato para as bactérias patogênicas. Então, ao se referir a prebióticos, estamos falando sobre fibras que são seletivas para bactérias da microbiota.
Ao serem fermentados no cólon, os prebióticos dão origem aos ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs), como o propionato e butirato. Esses compostos diminuem o pH, suprimindo o crescimento patogênico e melhorando a motilidade intestinal. Além disso, os SCFAs podem servir como substrato para as células do cólon. Ainda, alguns estudos comprovaram que esses compostos podem diminuir os riscos de câncer de cólon ao estimular a apoptose e que também podem melhorar a inflamação causada por doenças inflamatórias intestinais. Assim, os prebióticos também geram outros benefícios além de melhorar a composição da microbiota, mas esse continua sendo seu principal efeito.
Os prebióticos são encontrados em alimentos de origem vegetal, tais como folhas, cereais, grãos e frutas. Alguns exemplos de prebióticos são as pectinas, inulinas, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, xilooligossacarídeos, pirodextrinas, isomaltooligossacarídeos.
Praticamente todas as frutas possuem alguma atividade prebiótica, entre elas estão: maçã, banana, pera, abacaxi, maracujá, laranja.
Referências:
Jürgen Schrezenmeir, Michael de Vrese, Probiotics, prebiotics, and synbiotics—approaching a definition, The American Journal of Clinical Nutrition , Volume 73, Issue 2, February 2001, Pages 361s–364s, https://doi.org/10.1093/ajcn/73.2.361s
Olveira G, González-Molero I. An update on probiotics, prebiotics and symbiotics in clinical nutrition. Endocrinol Nutr. 2016 Nov;63(9):482-494. English, Spanish. doi: 10.1016/j.endonu.2016.07.006. Epub 2016 Sep 12. PMID: 27633133.
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