Existem microrganismos benéficos? Como até mesmo a escolha do parto pode influenciar o desenvolvimento da microbiota do seu bebê? Para saber a resposta desta e de muitas outras perguntas a respeito dos probióticos, leia este post.
Por Crystal Cipriano, Jéssica Britto, Stella Ricardo e Virginia Lima.
Você já deve ter ouvido falar em prebiótico, probiótico e simbiótico, não é? Apesar de os três estarem relacionados ao sistema digestivo e apresentarem benefícios à saúde, cada um tem o seu significado - e é importante saber diferenciá-los. A gente explica abaixo as características de cada um.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os probióticos são microrganismos vivos que, quando consumidos regularmente e em quantidades adequadas, podem trazer resultados positivos à saúde de quem os ingere. Estudos demonstraram que culturas vivas desses seres microscópicos equilibram a microbiota intestinal, ou seja, as bactérias que vivem no intestino, favorecendo a saúde digestiva e imunológica, por exemplo.
Prebióticos são alimentos de origem vegetal não-digeríveis, compostos, principalmente, por fibras presentes em grãos integrais, frutas e verduras - como aveia, maçã, cebola e cenoura. Os prebióticos recebem este nome por servirem de fonte de nutrientes para microrganismos da flora intestinal, favorecendo assim o seu crescimento e fortalecimento. Já os simbióticos são produtos nos quais se combinam probióticos com prebióticos, a fim de intensificar os efeitos de ambos os componentes. Como exemplos de simbióticos temos diferentes tipos de iogurte, bebidas lácteas fermentadas, sucos de frutas e legumes fermentados.
Pesquisas antropológicas mostraram que o surgimento dos alimentos probióticos ocorreu de maneira espontânea, paralelamente a evolução humana, através da fermentação natural de produtos comuns à época, como o leite, a uva e os grãos em geral. Atualmente, as principais bactérias utilizadas na composição de alimentos e suplementos probióticos são aquelas pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium. A levedura Saccharomyces boulardii (fungo unicelular) também é um microrganismo probiótico reconhecido, embora seja comumente encontrada na forma liofilizada ou em cápsulas.
E por falar em fermentação natural, vamos entender melhor esse conceito. A fermentação é o processo pelo qual alguns organismos obtêm energia e, consequentemente, liberam substâncias específicas que podem ser utilizadas na produção de alimentos e medicamentos, como é o caso da fermentação láctica, que produz o ácido láctico, usado no preparo de laticínios; pode ser subclassificada como homoláctea (produz apenas ácido láctico) e heteroláctea (produz, além do ácido láctico, dióxido de carbono e etanol, para saber mais sobre a fermentação lática, clique aqui).
Produtos oriundos da fermentação já eram amplamente consumidos quando a Medicina ainda não tinha tratamentos eficazes para certas doenças. Pesquisas históricas revelam que produtos fermentados - como o vinho misturado com ervas - eram usados no combate de infecções desde o século X.
A linha do tempo ilustra o importante caminho percorrido desde a descoberta de alguns microrganismos importantes na transformação de alimentos até a percepção de que muitos outros promovem efeitos benéficos à saúde, culminando na geração de inúmeros produtos atualmente disponíveis nas prateleiras dos mercados. Os benefícios à saúde promovidos pelos probióticos incluem:
Prevenção do câncer colorretal.
Regulação do intestino.
Reforço na resposta imunológica.
Previne o aparecimento de cáries e outras doenças orais.
Aumenta a absorção de nutrientes, como nos casos de intolerância à lactose.
Algumas bactérias são capazes de produzir moléculas precursoras da serotonina, neurotransmissor responsável pelo controle da ansiedade e sensação de felicidade.
Na gestação, reduzem os riscos de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e obesidade.
VOCÊ SABIA?
O parto normal e o aleitamento materno possibilitam ao bebê ter uma microbiota parecida com a da mãe, visto que, nesse tipo de parto, o bebê tem contato com a flora vaginal. Em contraste, estudos apontam que o parto por cesariana prejudica o perfil da microbiota da criança, o que tem sido correlacionado com o aumento de doenças autoimunes na última década, dado que o número de partos por cesariana também aumentou.
Segundo Livia Hecke Morais, doutoranda na University College Cork, “a ascensão da microbiota durante os primeiros anos de vida coincide com o desenvolvimento do sistema imune, endócrino e gastrointestinal, os quais são essenciais para um bom funcionamento fisiológico”.
Com o surgimento de estudos sobre o eixo cérebro-intestino, foi mostrado que alterações na microbiota intestinal podem facilitar ou dificultar a absorção de triptofano, aminoácido obtido pela alimentação e necessário para produzir serotonina. O sistema gastrointestinal produz 95% da serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar e com papel destacado em casos de depressão e ansiedade.
Referências
Ótimo texto, parabéns.